PRETO NO BRANCO #43
I – Para reflectir...
II – Mais uma jornada sem vencer, num encontro em que a equipa de Moreno teve tudo à sua mercê para sair da montanha russa que a vem perseguindo desde o início do campeonato. Além disso, para encarar com redobrado optimismo os próximos desafios de dificuldade acrescida e que, atento o que está a suceder, poderão, inapelavelmente, comprometer o objectivo de apuramento europeu.
III – Ontem, em casa de um eterno rival, realce-se o regresso de Bamba. Tal permitiu acabar com adaptações na defesa, estabilizando-a. Porém, a verdade é que nem com esse garante de tranquilidade, o Vitória, durante os primeiros 45 minutos, foi uma equipa com vontade de assumir e pegar no jogo.
IV – Verdade seja dita que mais uma vez foi prejudicado pelo árbitro, pelo VAR ou por quem quer que seja. No primeiro golo do adversário, o seu jogador aproveita uma posição de fora de jogo para importunar o atleta vitoriano, impedindo-o de controlar a bola em conformidade... mas, temos que dizer que nessa altura a equipa de Moreno pouco ou nada estava a fazer.
V – E se a exibição estava quase a ser uma nulidade, assim continuaria até ao apito final da primeira parte, numa confrangedora manifestação de carência de ideias, de rapidez de processos e de capacidade de causar desequilíbrios. Foi-o ontem e sê-lo-á em qualquer jogo que a equipa se apresente, se adoptar similar filosofia.
VI – Porém, na segunda metade, o Vitória melhorou. Aproveitando a substituição de Maga por Bruno Gaspar (seja bem reaparecido a este nível, senhor Gaspar), a equipa tornou-se mais acutilante. Passou a apostar na activação do lateral e este tirou um bom punhado de cruzamentos que causaram o pânico no último reduto contrário.
VII – Os homens de Moreno passaram a dominar o jogo e acabariam por empatar... em mais uma iniciativa do lateral que permitiu a André André empurrar a bola para o fundo das redes, numa altura em que a equipa técnica vitoriana já tinha apostado numa decisão táctica, no mínimo estranha. Retirara o atrapalhado, trapalhão e inseguro Tounkara para colocar Janvier no meio campo. Com isso, recuara Dani para líbero, deslocando Bamba para o lado direito do eixo defensivo. Nem a perder Moreno foi capaz de desfazer os dogmas, continuando a “matar” um jogador que pela sua criatividade, tem de jogar perto dos avançados...da própria equipa e não dos da contrária!
VIII – Pensou-se que, apesar de tudo, com o golo os Conquistadores pudessem arrancar para a conquista dos três pontos.
Nada mais errado! Mais do que querer ganhar, pretenderam não perder. Foram castigados num lance à imagem do que sucedeu frente ao Benfica e que, numa equipa profissional, jamais poderá suceder. Um pontapé do último reduto contrário, o ponta de lança adversário a discutir a bola com o último defensor da equipa, nenhuma capacidade de compensação e, se na Luz, Rafa teve de ser derrubado por André Amaro causando uma grande penalidade, ontem Bamba teve de rasteirar o jogador da equipa da casa... na sequência disso, um momento de inspiração e o Vitória ficou em desvantagem e sem tempo nem ânimo para recuperar. Inadmissível, como os mesmos erros foram repetidos em tão pouco tempo e com custos tão onerosos...
IX – Não havia tempo para recuperar. O Vitória somava o quinto jogo sem vencer, tendo somado, apenas, um ponto, no cinzento e apagado empate frente ao Paços de Ferreira. No final, André André diria o que vai na alma da maioria dos adeptos. Não há espaço para desculpas e para paninhos quentes a este nível. A vida é uma constante competição e só os melhores sobrevivem...tenham eles 18, 30 ou 45 anos, sendo que se actuam neste clube Centenário devem estar preparados para o melhor e para o pior.
Ora, se o local escolhido, em frente às câmaras televisivas, não pareceu o mais indicado, devendo as mesmas “sugestões” serem feitas no aconchego do balneário, a verdade é que serviram, também, para percebermos que ainda há alguma dose de inconformismo nas tropas d’El Rei... e terá de ser esse a resgatar-nos desta série verdadeiramente atroz.
X – Realce no final da partida, para os gestos de jogadores como Bracalli ou Agra. Verdade que os jogadores vitorianos não deveriam ter ripostado. Mas, quando homens “com idade para terem juízo” agem assim, só devemos lamentar. O desporto não se compadece com certas atitudes ou valores, sendo que é legítima a alegria de vencer e festejar com os seus. Humilhar e destratar os adversários é indigno, é uma atitude imprópria de desportista...
XI – Segue-se o Famalicão...com uma equipa desfalcada, sem Bamba, Bruno Gaspar (expulsos ontem) e André Amaro, como Moreno irá continuar a professar o dogma (já que estamos em época Pascal) dos três centrais? Handel nessa posição? “Matando” Dani, fazendo-o crer que aos 22 anos é capaz de ler o jogo como Matthaus ou Gullit, esses monstros sagrados, aos 35? Ou, finalmente, olhando para os homens que tem à sua disposição, adoptando-os numa roupagem muito mais adequada ao momento, num 4*4*2, com dois alas que permitam a equipa estar confortável e jamais desequilibrar-se?
XII – Viva o Vitória...e boa Páscoa, que não foi de ressurreição vitoriana!
Vasco André Rodrigues