PRETO NO BRANCO #40
I – A vida, por vezes, é assim… faz-nos rasteiras quando, insidiosamente, nos parece sorrir, ludribria-nos quando tudo parece estar alinhado. É uma caixinha de surpresas, ainda que por vezes desagradáveis, destinada a colocar-nos à prova... ainda que o segredo seja tentar levantar-nos imediatamente, para seguir a nossa estrada, o nosso trilho.
II – Será esse o grande desafio dos rapazes orientados por Moreno. Depois da atroz, inesperada e insidiosa (como a forma cínica como o Arouca resolveu o jogo) derrotada na tarde de ontem, o segredo não passará por uma análise aprofundada pelas dores do passado, mas sim em saber como os jovens jogadores vitorianos serão capazes de se reerguerem. E, sejamos sinceros, atendendo ao histórico da equipa, serão absolutamente capazes de o fazerem, conquistando um mais do que merecido quinto posto.
III – Porém, verdade seja dita. Apesar da temporada ter tido bons momentos, outros haverá menos felizes. Nestes momentos, os concorrentes mais ferozes ao ambicionado posto são Casa Pia e Arouca, duas equipas de indiscutível inferior igualha à do Vitória. Não obstante isso, a equipa vitoriana foi incapaz de as vencer em qualquer um dos dois jogos que disputou contra elas. Empatou nos seus recintos, mas foi derrotada no D. Afonso Henriques. Um sinal preocupante!
IV – Ontem, todavia, quem assistiu aos primeiros quarenta e cinco minutos da partida, não arriscaria alvitrar outro vencedor que não fosse o Vitória.
Com, apenas, uma alteração em relação à equipa que, de modo concludente, triunfou nos Açores (a entrada de Tiago Silva para o lugar de André André), os Conquistadores levaram para o campo o entusiasmo que brotava das bancadas.
Foram frenéticos, apaixonados e enleantes... mas sôfregos, perdulários e pouco esclarecidos na hora de bater o uruguaio Arruabarrena, que terá tanto de bom guarda-redes como provocador! E, como esse defeito de carácter terá sido útil aos arouquenses quando se apanharam em vantagem.
V – Chegados ao intervalo a zero, ainda que com um caudal ofensivo a merecer o golo (o que dizer da defesa do uruguaio num pormenor habilidoso de Safira?), a esperança era que na segunda metade, o jogo, finalmente, se desbloqueasse. Que a mancha branca pudesse pular dos seus assentos para celebrar um tento. Aconteceria tudo ao contrário... lá está, as tais rasteiras da vida quando menos se espera!
VI – Logo no reatamento da partida, Mujica elevar-se-ia para bater o jovem Rafa. Sem que nada o fizesse esperar, sem que o adversário tivesse feito muito para tal suceder, mas, pelo menos, com muito tempo para a equipa vitoriana resgatar algo da partida. Um ponto, que fosse...
VII – Moreno tentaria refrescar a equipa, no seu jeito conservador de tentar virar o jogo do banco. Refrescou posições, apenas ousando na entrada de Nélson da Luz encarregue de fazer toda a ala esquerda.
Do outo lado, em vantagem, percebeu-se a maturidade da equipa orientada pelo vimaranense Armando Evangelista. Sem se expor ao risco, a trocar a bola com mais ou menos tranquilidade, com alguns executantes acima da média (Soro, Anthony e Mujica à cabeça) a serem capazes de a manter, o adversário sentiu-se como peixe na água neste período da partida.
VIII – Ao invés, o Vitória enredar-se-ia na sua própria ansiedade. Na necessidade de fazem bem e rápido, sairia tudo ao contrário. As oportunidades deixariam de surgir, os desequilíbrios igualmente e os nervos produzir-se-iam em propriedades industriais.
Com tantas condicionantes, seria o adversário a ferir de morte o Vitória... um rápido contra-ataque, uma hesitação do último reduto da equipa e a estocada final na partida.
IX – Provavelmente, pelo que fez na primeira metade os homens de Moreno não mereciam o desaire. Porém, a justiça no futebol é algo de muito sui-generis.
Assim, ainda que o quinto posto não tenha sido perdido, será necessário encarar os próximos desafios com redobrados cuidados. As rasteiras estão ao virar da esquina!
X – Segue-se o Benfica. Todos os jogos são para ganhar e jamais existirão vencedores antecipados. Os valorosos atletas vitorianos já demonstraram que nas situações mais difíceis se transcendem e são capazes do melhor. Esperemos que assim seja...
XI – VIVA O VITÓRIA!
Vasco André Rodrigues