PRETO NO BRANCO #41
I – Apesar de tudo... era exigível mais!
II – Não correu como todos os vitorianos desejavam a deslocação do Vitória ao Benfica, atendendo ao resultado averbado, mas, acima de tudo, pela exibição desgarrada, sem rota traçada e sem um plano de jogo condizente com o que a partida poderia pedir.
Sejamos claro: não ganhar na Luz na centenária história do clube, por uma variedade infinda de razões, tem sido banal na história vitoriana, mas têm existido diversas formas de perder... e do passado Sábado não entrará naquelas que se poderá catalogar daquelas em que se poderia ter feito um pouco mais!
III – Teremos de dizer as coisas como ela são. Moreno e Aroso erraram na abordagem ao jogo. Procuraram seguir o caminho menos óbvio, quando os jogos mais difíceis deverão sempre ser preparados tendo em atenção o mais simples e o mais acessível para os atletas realizarem. Correndo o mínimo de riscos. Procurando neutralizar o adversário, valorizando os nossos pontos fortes e minimizando os fracos, nunca o contrário. Frente a uma equipa moralizada e em alta rotação, o Vitória não teve pedalada no meio campo e cometeu erros que o penalizaram duramente na defesa... com tantos equívocos era difícil fazer melhor!
IV – Especifiquemos. Sem Bamba, arredado do jogo por lesão, a equipa técnica vitoriana optou por um modelo que resultara minimamente frente ao Casa Pia, quando o italo-marfinense, também, estava impedido de actuar, ainda que fosse por castigo de ter averbado uma série de cartões amarelos. Com efeito, Dani Silva recuou para a posição de Ibra e André André entrou em liça para emparceirar com Tiago Silva no meio campo.
Ora, se contra os Gansos, fruto, também de uma excelente exibição de Bruno Varela (o homem do jogo, nesse dia) a equipa passou incólume, tal não sucedeu no passado Sábado.
V – Na verdade, por muito talento que tenha o jovem que renovou na passada semana com os Conquistadores, jamais será um líbero. Rareiam-lhe os posicionamentos, a capacidade de antecipação e as faculdades de leitura de jogo numa posição tão específica do terreno. Por ter esses atributos, Bamba é avaliado em milhões, enquanto Dani poderá valê-los mas como maestro e desequilibrador no meio campo...jamais a ler o jogo em posição tão recuada.
Aliás, capazes de recuar assim no terreno, de cabeça, lembramo-nos de dois nomes: o alemão Matthaus e o neerlandês Gullit que até aos trinta anos foram médio ofensivos e acabaram as respectivas carreiras a líberos... mas, na idade de Dani faziam o que o jovem alentejano tem feito bem: espalhar magia do meio campo ofensivo para a frente.
VI – Com tal decisão, ficou o Vitória sem capacidade de ter bola no meio-campo e com uma defesa trémula e insegura. André André sem rotação para enfrentar os adversários e ajudar Tiago Silva a manter a bola e este com poucas soluções para a distribuir.
Consequentemente, desde cedo a equipa vitoriana viu-se encolhida, com dificuldades em alinhavar dois ou três passes seguidas, sem agressividade sequer para fazer faltas e desnorteada... como é possível o primeiro golo do Benfica surgir numa jogada quase de futebol de praia com dois toques de cabeça e com Mikel completamente desconcentrado, desalinhado com os demais colegas de defesa, e colocando em jogo Gonçalo Ramos? E a grande penalidade que origina o segundo golo ter nascido de três toques: um pontapé de baliza (!), uma bola ganha a meio campo de cabeça que isola Rafa que cai na área? Independentemente da decisão arbitral, uma equipa profissional não pode permitir-se a ser castigada deste modo!
VII – Com tantas dificuldades, milagre era fazer-se melhor. Ao intervalo com três bolas a zero, temeu-se o pior. Além disso, com André Silva a sentir dificuldades encaixado entre os defesas contrários (o brasileiro parece ser mais útil a partir detrás, ao invés de ficar em cunha, sendo que causou surpresa a saída de Safira do onze inicial), com Nélson da Luz a esgotar a enésima oportunidade de demonstrar utilidade, jogando para si em vez de para a equipa, com o meio campo perdido, a segunda parte antevia-se de preocupação máxima.
VIII – Sofreria o Vitória mais dois golos, o autogolo de Dani digno da fotografia fiel que foi a tarde infeliz dos Conquistadores no passado Sábado, mas já com Safira em campo será capaz de marcar o seu tento de honra...parca consolação para uma equipa que quer conquistar um apuramento europeu e que nessas andanças poderá enfrentar conjuntos de valor semelhante, ou até superior, ao que encontrou no passado Sábado.
Na verdade, será desígnio de todos os vitorianos apurarem-se para as provas uefeiras, mas para olhar para elas como algo mais do que pelo curriculum... mas, sim, para competir olhos nos olhos com os nossos contendores.
IX – Numa tarde demasiado infeliz, realce para o regresso à equipa A do jovem Tomás Handel. Saúda-se e será uma mais-valia. Depois de um calvário de quase treze meses, venceu o próprio corpo e ei-lo disposto a ajudar.
X – O campeonato parará, num momento em que a equipa vitoriana precisará de carregar baterias, respirar fundo e reflectir.
Regressará numa partida frente ao aflito Paços de Ferreira e em que a equipa vitoriana não poderá vacilar, sob pena de resvalar para lugares impróprio para os seus pergaminhos na tabela classificativa.
Assim o esperamos...
XI – VIVA O VITÓRIA!