I – Parco... muito parco!
II – Verdade seja dita, o plantel vitoriano tem sido martirizado por lesões nos últimos tempos. Depois de Bruno Varela e Ibrahima Bamba, a defesa sofreu outro rombo com a lesão de André Amaro, sofrida ao serviço da selecção sub-21, em dois jogos que para nada contavam, mas que influirão, decisivamente, no projecto vitoriano. Além destes, André André, que tem sido importante no onze vitoriano, também se encontrava impossibilitado de dar o seu contributo em virtude de ter de cumprir suspensão disciplinar.
III – Assim, se qualquer equipa sentiria problemas com tantas ausências, o Vitória que, como sabemos tem uma manta curta, mais sentiu. Na tentativa de as contornar, Moreno decidiu fazer regressar a fórmula de 4-3-3 com Tounkara a fazer dupla com Mikel e um meio campo constituído por Tomás Handel (regressou à titularidade na equipa A, 13 meses depois do seu derradeiro jogo a entrar de início), Dani e Tiago Silva. Não teria sucesso!
IV – Tal fracasso deveu-se, desde logo, à capacidade pressionante do Paços de Ferreira que impediu que a primeira fase de construção vitoriana fosse realizada com fluidez. Handel ficava em terra de ninguém sem saber se havia de se encostar aos centrais, ou se deveria avançar no terreno para obrigar a dupla de Silvas a projectar-se no terreno. Com esta indefinição, o Vitória não tinha soluções, não conseguindo descodificar o melhor modo para partir para a fase ofensiva, perdendo a bola demasiado depressa.
V - Ora, se não temos a bola, ela terá de estar na posse do adversário. O Paços de Ferreira recuperou-a, por isso, demasiado depressa, beneficiando, também do espaço que existia entre a dupla dos Silvas do meio-campo e Handel e entre este e os centrais. Demasiados espaços entrelinhas e possibilitadores de demasiados momentos ofensivos do clube do Castor.
VI -A dupla Moreno/Aroso terá reparado nisso no decorrer do jogo e percebido algo que, na presente época, em Guimarães, se tornará dogma. Depois da formatação em 3-4-3, a equipa tem dificuldades em assimilar novos modelos, novos sistemas. Por isso, para a estabilizar, a opção técnica passou por recuar Handel para o meio dos centrais, que abriu cada um para um lado (Tounkara para a direita e Mikel para a esquerda). Os médios voltaram a ser dois e o Vitória tranquilizou-se.
VII – Tranquilizou-se, mas demonstrou uma exasperante incapacidade de criar perigo, de se acercar do último reduto adversário, de o colocar em dificuldades.
Moreno disse, na conferência de imprensa final, que os seus jogadores quiseram fazer tudo muito depressa.
Pelo contrário! A equipa foi de uma lentidão de processos exasperante, de uma previsibilidade a toda a prova, sem um lampejo de improviso, quase numa linha de produção automatizada em que cada elemento tem a sua função e dela não extravasa. Ora, quando assim é, será impossível criar flutuações no último reduto contrário, fazer dançar a defesa contrária, que sempre estará cómoda e confortável para obstar às (tímidas) formas de agressão adversárias.
VIII – Verdade, que se a última imagem é a que a fica, apesar da bola na barra pacense, o Vitória poderia ter vencido. Depois do momento de loucura do guardião Marafona (o que lhe deu?), os homens do Rei empertigaram-se. Com vontade mas sem engenho. Com alma mas sem talento. Porém, o golo poderia ter surgido.
Não aconteceu e somou-se o terceiro jogo sem triunfar, depois de um período de excelência.
Esse será o grande desafio da equipa técnica vitoriana. Entender o que leva a que a equipa alterne entre a excelência e o sofrível, entre o 8 e o 80 sem um ponto intermédio. Foi assim, desde o início do campeonato e tememos que seja a marca que ficará desta temporada de 2022/23; uma incessante montanha-russa sem uma recta uniforme.
IX – Seguem-se dois jogos fora de portas, no Boavista e em Famalicão. Urge vencer, pois os perseguidores estão cada vez mais próximos, a calendarização mais melindrosa e as pernas, essas, começam a pesar depois de longa temporada, começada no já longínquo mês de Junho do ano passado.
X -VIVA O VITÓRIA!
Vasco André Rodrigues