PRETO NO BRANCO #38
I – À terceira foi de vez...
II – Depois de dois desafios em que o Vitória foi derrotado pelo rival de modo injusto e imerecido, seguiu-se a justa redenção numa noite que começou em forma apoteótica com a extraordinária coreografia que as claques do clube realizaram.
III – A actuar com a equipa que tão boa conta de si tem dado, o Vitória de Moreno entrou como o houvera feito nos já citados dois desafios contra o SC Braga. A pressionar alto, a ser capaz de realizar movimentos enleantes e de envolvimento a baralhar o adversário, durante 45 minutos confirmou-se que o momento ascensional da equipa não é obra do acaso, mas fruto de árduo e aturado trabalho.
IV – Fruto disso, o domínio absoluto durante este período do jogo, em que o adversário se viu em palpos de aranha para neutralizar as investidas vitorianas, as arrancadas de Jota, os movimentos de ruptura de André Silva, a melodia da batuta do maestro Dani Silva, a fome de recuperação de bola de Bamba, os turnovers na ala de Maga e de Afonso, numa equipa que foi uma orquestra.
V – Fruto disso, adiantar-se-ia o Vitória no marcador, numa grande penalidade sobre Safira que ainda fez o rival ficar a jogar com dez jogadores. Tiago Silva não desperdiçou a oportunidade e o resultado era o corolário do que se assistia no tapete verde do D. Afonso Henriques. Porém, se as bancadas estavam em ebulição, o que dizer após a extraordinária assistência de André Amaro para um golpe de cabeça extraordinário de Safira, num movimento de beleza estética irrefutável e ainda para mais pontuado de eficácia? Era o segundo golo e uma vantagem, supostamente, tranquila, pois nas bancadas todos tinham presente o sucedido no desafio da Taça de Portugal.
VI -Abramos uns parêntesis para Safira. Um jogador que é o sinal que às vezes a camisola pesa toneladas. Que para aligeirar esse peso, ainda para mais na posição de ponta de lança, um golo faz milagres.
Alguém se lembrará, ainda, das críticas que o jogador foi alvo até ao jogo com o Chaves?
Hoje é titular com mérito próprio no onze de Moreno. Marca golos de exímio ponta de lança. Deixa a pele em campo. Mostra que sabe o que é ser Vitória e dar tudo pelo clube do Rei.
Mais uma história de encantar numa época bastante positiva...
VII– Um momento a marcar o jogo foi a lesão de Dani Silva mesmo em cima do intervalo.
Teria valido a pena a Moreno ter aguentado o jogador até ao descanso?
Tê-lo tentado recuperar no balneário?
O jovem alentejano estava mais uma vez a encher o campo, a mandar no jogo do Vitória e, ninguém duvide, muito da melhoria do futebol da equipa se deveu à sua afirmação. Com alma de Conquistador e talento dos predestinados, já terá lugar cativo na equipa titular... esperando nós que o período que, provavelmente, estará ausente seja plenamente colmatado pela experiência e saber (que ontem foram extraordinariamente úteis) de André André.
VIII – A segunda parte do desafio esperava-se atendendo à vantagem no marcador e numérica quanto aos jogadores de cada equipa fosse de controlo. Não seria bem assim, pois ser vitoriano é ter predisposição para o sofrimento. Para ter de roer as unhas. Para viver o jogo de forma inquieta. Tiago Silva far-se-ia expulsar logo quase no início da metade complementar, equilibrando as equipas. Agigantou-se o adversário fruto disso, mas sempre sentindo-se que a malta vitoriana, desde aquele fatídico dia 11 de Janeiro (data do jogo da Taça de Portugal) teve um curso rápido de amadurecimento e não iria perder a partida pelo pecado da gula... que, provavelmente, a terá vitimado na Taça de Portugal.
IX – A saber colocar gelo no jogo, jamais se desposicionando, até a saber trocar a bola o Vitória jamais perdeu o rumo. Mesmo quando Álvaro Djaló reduziu as diferenças, os jovens Conquistadores não ser atemorizaram.
Mantiveram-se seguros, a saber gerir os momentos do jogo, a acalmarem o adversário, a jogarem com o relógio.
Teriam, ainda, um golo anulado que gerou dúvidas, mas levariam a água ao seu moinho conseguindo uma saborosa vitória.
X – Uma palavra para o treinador Artur Jorge do clube rival... .... ... .... como é nada no futebol como treinador, apenas poderemos escrever nada. Nada pelas suas atitudes durante o jogo. Nada pela forma como se dirigiu ao árbitro. Nada como reagiu na flash interview à adversidade. Nada como desrespeitou quem já de duas vezes anteriores, com menos meios, o tinha subjugado. Para tanto nada, nada merece que sobre ele seja dito!
XI – Ao contrário Moreno parece cada vez mais ter a equipa na mão. Longe dos impulsos que se lhe anteviam, demonstra uma frieza siberiana no comando dos seus. Tem a equipa na mão e homens dispostos a morrer por ele e que nele confiam cegamente. Tem sido capaz de recuperar psicologicamente jogadores como Afonso Freitas ou Safira, dando espaço de afirmação a nomes como Bamba ou Dani. Melhor do que isto seria quase impossível...
XII – Segue-se o Santa Clara que receberá o Vitória, provavelmente, com o terceiro treinador da época.
Na melhor sequência da época, urge dar seguimento a este bom momento, vencendo.
Sem Dani, nem Tiago, Moreno terá de refazer a zona medular. Mas, esta equipa tem feito das fraquezas forças, esperando-se que consiga novamente levar a água ao seu moinho.
XIII -Antes disso, porém teremos uma importantíssima Assembleia-Geral. Que os sócios exprimam a sua opinião de forma livre e esclarecida. Que tudo seja posto em cima da mesa. Que os esclarecimentos sejam satisfatórios. Que a votação seja um enorme sinal de vitorianismo. Porque, acima de tudo, estará sempre o Clube do Rei.
XIV – VIVA O VITÓRIA!
Vasco André Rodrigues