I – Caso não possas ganhar, não percas...
II – Será assim que deverá ser definida a partida que o Vitória disputou no Estádio Nacional, frente a um Casa Pia, também, na luta pelo quinto posto da tabela classificativa e, consequentemente, um lugar europeu.
III – Porém, desde logo, se previa uma contenda difícil, melindrosa, atento as inúmeras baixas que a equipa de Moreno estava acometida. Falamos de homens como Bamba, Mikel e Jota aos quais se juntou André Silva, obrigando a equipa técnica vitoriana a apresentar um sistema de jogo diverso do que tem vindo a ser utilizado desde a partida de Braga da primeira volta do campeonato; ou seja, o já famoso 3*4*3.
IV- Deste modo, a equipa Conquistadora apresentou-se num 4-3-3 com Amaro e Tounkara (bela exibição, a provar que o último reduto vitoriano tem mais soluções, para além do sólido e coeso trio que tem actuado no seu eixo) como centrais e uma tríade de médios na zona medular, com Nico Janvier (outra boa exibição enquanto as forças não lhe escassearam) a juntar-se à dupla dos Silvas, André e Tiago.
Na frente, nas alas, Nélson da Luz no lugar do castigado Jota Silva e Johnston (que passou a semana com febres na ordem dos 40º) a substituir o apoquentado fisicamente André Silva. Se andamos desde o início do campeonato a aludir à falta de soluções no plantel vitoriano, o que dizer da noite de ontem? Requereu estudo e trabalho da equipa técnica para que a equipa não aparecesse desconjuntada e tal haveria de suceder!
V – Na verdade, o Vitória, atento as dificuldades e a qualidade de uma equipa, que ainda a denotar alguma quebra, empatou há pouco tempo no mesmo recinto com o FC Porto, depois de já ter vencido em Braga, bateu-se bem.
Sofreu em diversos momentos em que a pressão dos Gansos foi superior. Teve de se encolher e, quando tal não foi suficiente, teve de contar com um guarda-redes que parece estar de volta à sua melhor face, depois de alguns momentos dubitativos no início da temporada. Bruno Varela foi enorme, impoluto, imbatível nos momentos decisivos do jogo, salvando as redes vitorianas de serem violadas.
VI – Não se pense, contudo, que o Vitória não podia ter vencido o jogo. Aliás, a asserção do ponto I destas linhas, só merecerá ser lida na sua máxima plenitude, talvez, nos dez minutos derradeiros da contenda. Falamos, aqui, de um momento, em que os jogadores que entraram em campo, desgastados ou lesionados (como Tiago Silva) iam sendo substituídos por outros, apesar da pouca profundidade de soluções no banco de suplentes.
Até lá, nos pés de Janvier (que tiro!), no calcanhar de Dani (era o golo da temporada) ou na tabela de Anderson (era a fazer pontaria às pernas do defesa casapiano, mas também contava), o Vitória poderia ter sido feliz. Não o foi... mas saiu vivo da casa do adversário e à frente dele... e isso, ontem, talvez, fosse o essencial.
VII – Segue-se, agora, o eterno rival, num daqueles jogos em que não se joga, simplesmente ganha-se.
A um dia e hora surreais para um desafio desta estirpe, espera-se que os vitorianos digam presente, de modo a demonstrar que os senhores do futebol terão de fazer muito mais para afastá-los dos estádios. Se a estratégia é criar um novo grande de modo artificial, terão de fazer muito mais para nos combater! E achamos que não terão meios para isso!
Quanto ao desafio, em si, depois de duas derrotas imerecidas perante o mesmo rival, esperemos que à terceira seja de vez. Seja pela importância que o triunfo teria na tabela classificativa. Seja pela moralização que daí adviria. Seja, e não somos hipócritas, porque ganhar aos vizinhos sabe sempre bem... era assim há 100 anos no início dos derbys, é assim hoje!
VIII – A equipa B voltou a conhecer o sabor dos triunfos cinco meses depois. Fê-lo, pela primeira vez em sua casa, perante o Varzim e com uma reviravolta na segunda metade. Os golos de Geovani e de Patrick, aliados a algumas boas exibições como a do bielorrusso Zinovich, terão dado alguma esperança para a fase de manutenção, em que o conjunto de Álvaro Madureira para se salvar terá de realizar percurso quase imaculado.
O desafio é difícil, mas, ontem, pelo menos, ficamos com a sensação que não será impossível...
IX – António Miguel Cardoso, presidente do clube, anunciou um princípio de acordo com a VSports, dona do Aston Villa, para a aquisição de 46% do pacote societário da SAD vitoriana por 5,5 milhões de euros aos quais acrescerão 2 milhões de euros para investimento em infra-estruturas.
Além disso, será aberta uma linha de crédito de 20 milhões de euros, a taxas de juro preferenciais, com um período de carência de dois anos e com os direitos televisivos, os direitos económicos dos jogadores e as próprias acções como garantia, por esta ordem.
Apesar destas linhas, muitas questões ainda estarão no subconsciente dos vitorianos. Esperamos que até ao próximo dia 03 de Março, dia em que em sede de assembleia-geral, os associados deliberarão acerca da viabilidade do acordo, estas sejam respondidas.
A título de exemplo, poderemos citar quem são os dois administradores que serão colocados no Vitória e com que poderes. Poderemos indagar se um novo acordo parassocial será realizado. Poderemos questionar, se em caso de incumprimento, e em caso de necessidade, as acções, dadas como garantia, não poderão ser transformadas em capital, entre muitas outras dúvidas que esperamos que sejam esclarecidas.
X - VIVA O VITÓRIA...
Vasco André Rodrigues