Preto no Branco #35 "Duas (vitórias) seguidas sabem sempre bem"
Preto no Branco
Publicado em 05/02/2023

PRETO NO BRANCO #35

 I – Duas (vitórias) seguidas sabem sempre bem...

 II – Depois da injecção de confiança proporcionada pelo triunfo perante o Chaves, com um golo do patinho feio Safira, Moreno, para o jogo com o Estoril, apostou na equipa que principiou o desafio perante os flavienses, apenas trocando de avançados. Assim, Anderson ficou no banco de suplentes, dando lugar ao herói da passada Segunda-feira.

 III – Herói que o voltaria a ser, ao tornar-se determinante no desenrolar da partida, como veremos. Mas, antes disso, diga-se que o Vitória entrou em campo confiante, a trocar bem a bola, agressivo, e com olhos na baliza do seu canterano, Dani Figueira, que encontrou espaço para se afirmar na I Liga nos canarinhos.

 IV – Por essas razões, não surpreenderia o golo dos Conquistadores. Passe de Afonso Freitas, autor de bela exibição a ponto de merecer o prémio de Homem do Jogo para a SportTV, e Safira a dar lastro ao êxito do derradeiro jogo e com classe a facturar. O Vitória colocava-se em vantagem e poderia respirar melhor...

 V – A partir desse momento, percebemos melhor a dicotomia entre dois princípios do futebol: dominar vs controlar. Ora, se até ao golo, os Conquistadores foram pujantes, agressivos e dominadores, passaram a ter como maior preocupação gerir o jogo sem sobressaltos de maior. Tê-lo-ão feito com uma mestria superior a outros momentos, como a demonstrar que o sucedido em Braga para a Taça de Portugal, ou em Barcelos, logo de seguida, para o campeonato, serviu de preciosa lição. O Vitória, raramente, deu abébias ao Estoril e quando as deu Bruno Varela disse presente.

VI – A ajudar a esta capacidade tranquila de gestão, teremos, também, de realçar um nome. O de Ibrahima Bamba. Depois de uma semana conturbada, em que o jovem jogador visivelmente se desorientou, na conferência de imprensa de antevisão do jogo, percebeu que em Moreno, para além de um treinador, tinha um amigo.

As palavras do treinador, perguntando aos presentes “quem nunca errou com 20 anos”, terão dado a tranquilidade ao jogador para ser o que tem sido. Imperial, capaz de controlar o seu espaço e acudir aos colegas na dobra. Foi na sua tranquilidade que o Vitória, também, nadou sempre com pé nas Praias da Linha.

 VII – Segue-se, agora, o Portimonense, com o Vitória a chegar ao desafio, como o fez na primeira volta. Assim, em Agosto do ano passado, milhares de vitorianos encheram as bancadas do estádio algarvio, com a esperança de se poder adir um triunfo aos dois que já constavam do exercício. O Vitória falharia esse objectivo por inépcia e alguma infelicidade.

Entretanto, passaram cinco meses. Os vitorianos que, naquela altura gozavam no Sul do país umas merecidas férias, já projectam as próximas e muita água correu debaixo da ponte do campeonato.

Os algarvios foram os campeões do mercado de Inverno, mas duas (vitórias) seguidas dão uma confiança que não poderá ser desperdiçada... vamos à terceira de um fôlego só?

 VIII – Falemos, agora, de um aspecto menos feliz. O errante e titubeante percurso da equipa B do clube.

O momento é crítico, pois, ontem, perante o S.João de Ver ficou patente a incapacidade da equipa em conseguir fugir do último lugar da tabela. Em sequer pontuar.

Num momento crítico, em que a fase da manutenção se aproxima, os desafios para este conjunto são mais do que muitos.

Ora, assentando o projecto vitoriano, como assumido por todos, na formação, a equipa B é uma base valiosíssima para garantir que outros como André Amaro, Dani Silva ou Bamba consigam ter êxito na equipa principal.

Caso suceda o que ninguém deseja, será o quarto e derradeiro escalão do futebol nacional capaz de potenciar esses jogadores? Ou, salvo raros casos, de excepcional talento, o Vitória perderá uma árvore que, durante 10 anos, rendeu incontáveis e inúmeros talentos!

Caso assim seja, importará agir de forma célere. Identificar o que não correu bem no presente exercício e, se necessário, cortar a direito para que os futuros Maga, Handel, Nélson da Luz continuem a encontrar na equipa B um espaço de eleição para atingirem a equipa principal... e, sendo o Vitória um clube formador por excelência, a necessitar de viver desse viveiro, tal será imperioso!

Vasco André Rodrigues

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