PRETO NO BRANCO #24
I – Sofrido e muito saboroso!
II – Depois da derrota em Alvalade, que soube a imensa desilusão pelo que o Vitória vinha a produzir, era urgente dar uma resposta convincente para demonstrar que tal houvera sido um acidente de percurso. Assim, neste derby minhoto, frente ao Vizela, era imperioso ganhar.
III – Não obstante isso, Moreno optou por realizar uma série de alterações, ainda que previsíveis por se tratar de um desafio referente à Taça de Portugal. Ipso modo, à liça foram chamados Celton Biai, Hélder Sá e Rúben Lameiras para os lugares de Bruno Varela (por opção), Afonso Freitas (por castigo) e Nélson da Luz (por lesão), mas optando por manter a ossatura táctica tradicional; ou seja o 3-4-3 com que a equipa se vai sentindo segura e estável.
IV – Entraria bem o Vitória. Tranquilo, a querer comandar o jogo, desejando reverter a ideia deixada em Alvalade.
André André e Tiago Silva pautavam o jogo, Hélder Sá procurava imprimir dinamismo pela ala e Anderson atormentava os defesas contrários. Era uma equipa com outra alma, comparativamente à exibição desgarrada do passado Sábado.
V – Por isso, não causaria surpresa o golo Conquistador. Bela jogada de envolvimento que culminou com um cruzamento teleguiado de Hélder Sá... para o defesa central vizelense Bruno Wilson, vindo detrás, fuzilar o seu guardião. O Vitória estava à frente do marcador com inteiro mérito.
VI – Porém, a equipa parece sofrer de um síndrome que nos anos 50, em relação à selecção brasileira, o fabuloso cronista Nélson Rodrigues chamou de “síndrome vira-lata.” O prazer da minimização. O rebaixar das próprias qualidades. O Vitória mais uma vez sentiu o peso da vantagem...
VII – Por isso, a equipa recuaria. Iria para o intervalo ainda em vantagem, com uma aparente tranquilidade, apenas abalada pela lesão de Mikel que ficaria nos balneários, sendo substituído por Tounkara, mas mudaria completamente a face.
VIII – O conjunto vitoriano comprometido e ligado ao jogo desaparecera. A ambição ficara nos balneários. A vontade de resolver o jogo passara a inexistir. Naturalmente que o Vizela, num jogo de tudo ou nada, aproveitou. Subiu linhas. Pressionou. Álvaro Pacheco colocou a carne toda no assador. Apertou.
IX – Por essa razão com a equipa cada vez mais recuada, a olhar para o relógio, os vizelenses empatariam, podendo ainda, antes do prolongamento, num lance tão caricato como miraculoso vencer a partida. Não haveria de acontecer e todos teríamos de assistir a 30 minutos suplementares.
X – No prolongamento destaque para um nome que tem sido um patinho feio para os adeptos vitorianos. Safira que entrado em campo dotou a equipa de outra dinâmica ofensiva e que haveria de apontar a grande penalidade que ditou o vencedor do jogo.
Um momento importante para um avançado que precisava de um golo como de pão para a boca e que via o mesmo sempre a fugir-lhe! Chegou hoje, de grande penalidade, num momento decisivo e em que o brasileiro demonstrou ter nervos de aço!
XI – O Vitória em vantagem aguentaria o remanescente da partida. Jogaria com os nervos vizelenses. Talvez, não necessitasse de dar tanto terreno ao adversário. Mas seria assim que carimbaria a passagem à ronda seguinte e que continuaria com ambições de chegar ao Jamor.
XII – Nota para o descontrolo adversário. O adjunto do treinador termal viria na flash-interview disparar contra todas as direcções, falando mesmo que Álvaro Pacheco pensou em mandar a equipa abandonar o campo.
Pena que não nos tenha informado se perante o Benfica ou o Boavista, também terá existido esse desejo?
Ou essa indignação?
Um mau momento de alguém que pretendeu ter os seus dois minutos de notoriedade e talvez alguns recortes para um álbum de carreira ainda vazio. Provavelmente...
XIII – No próximo Domingo regressa o Campeonato. Frente ao aflito Marítimo, sem Bamba e, provavelmente, sem Mikel, irão surgir alterações. Irá, por isso, Moreno continuar a apostar no modelo de três centrais, apostando num novo membro? Irá apostar numa defesa a quatro?
Independentemente disso, importará vencer e, de preferência, com menos sofrimento. Coração de vitoriano não aguenta constantes sobressaltos, ainda que, por vezes, a felicidade do êxito compense o risco de arritmias.
XIV – André André é o toque de qualidade no meio campo vitoriano. Um jogador pleno de experiência e que tem a escola toda. Por isso, ter sido homenageado pelos seus 200 jogos de Rei ao peito é um facto de realce e merecedores da homenagem que foi alvo.
O abraço que trocou com António Miguel Cardoso foi a certeza que o número 21 estará de corpo e alma para o que resta da época. E todos sabemos o quão importante é ele na estratégia da equipa.
XV – VIVA O VITÓRIA!
Vasco André Rodrigues