PRETO NO BRANCO #23
I – Desilusão... a que todos ajudaram!
II – Esperava-se mais, muito mais, na deslocação do Vitória ao Sporting. A equipa vinha de sete jogos sem perder, plena de confiança e com vontade de domar um Leão dubitativo, trémulo e que, para o proteger, a comunicação social subserviente aos de sempre procurou transformar este jogo num clássico “nós contra eles”, num “bem contra o mal”. Nada de novo no Portugal saloio, em que os de sempre são protegidos e incensados ao arrepio de todas as regras e normas deontológicas.
III – Moreno, apesar de ter apostado na equipa que entrou em campo na passada Segunda-feira frente ao Famalicão, à excepção do regresso de Tiago Silva para o lugar de Dani, parece ter entrado com o travão de mão em riste. Verdade que as declarações dele na antevisão à partida assumiam que a equipa iria assumir uma postura conscienciosa, ao dizer que, certamente, passaria mais tempo no seu meio campo. Mas, perante um Sporting pressionante, o Vitória nem sequer foi capaz de conseguir respirar...
IV – A ajudar a isso, a dualidade de critérios de Manuel Mota, o árbitro da partida. O facto de ter feito visto grossa a uma agressão de Morita, ainda com o jogo empatado a zero, seria o primeiro sinal de que estaria disposto ao que fosse preciso. Por isso, já que no final da primeira metade voltaria a poupar o japonês à expulsão...para Rúben Amorim, de modo consciencioso, o deixar no balneário ao intervalo.
V – Se o juiz foi complacente com Morita não o seria com Afonso Freitas, retalhando a equipa do Vitória de jogar com 11 jogadores. Verdade que o esquerdino vitoriano, já com um amarelo (ainda que injusto por ser a primeira falta que cometia e numa situação normal de jogo), foi descuidado e merecedor do segundo amarelo. Contudo, o primeiro só é mostrado numa clara manifestação de “caseirismo”. O mesmo “caseirismo” que poupou o japonês.
VI – Com o Vitória reduzido a dez unidades, ambos os treinadores procuraram ajustar-se à nova realidade. Assim, Amorim fez entrar em liça o nosso bem conhecido Edwards, enquanto Moreno terá cometido um erro de palmatória. Com efeito, depois de ter colocado Nélson da Luz a fechar a ala que ficara desprotegida, resolveria retirá-lo do jogo para colocar em campo o inadaptado ao país, ao jogo e ao conhecimento táctico, Ogawa.
Tratar-se-ia de do momento do jogo, pois Anderson, apesar de estar em campo, passaria a viver numa ilha e Johnston, sozinho no gizar de lances ofensivos, tornar-se-ia inoperante.
VII – Por isso, tal decisão ajudaria a decidir o destino do jogo. Se Edwards seria decisivo nos dois tentos com que o Sporting acabaria por resolver o jogo, o japonês tarde ou nunca entrou no jogo. O Vitória continuou a sentir inusitadas dificuldades na transição, ainda que Manuel Mota voltasse a dar nota das suas (in)capacidades ao perdoar a expulsão a Morita.
VIII – A segunda metade não teria história. O Sporting marcaria mais um golo, novamente com dúvidas no posicionamento de um jogador seu, mas a partida estava resolvida.
O Vitória haveria de perder por três bolas a zero, sem criar uma oportunidade de golo, sem obrigar Adán a fazer uma defesa. Verdade que Mota ajudou, mas não foi o único culpado de uma exibição tão cinzenta como a camisola que os Conquistadores ostentaram. Não foi o único culpado pelo descuido de Afonso Freitas, ainda que um dos principais ao ser impiedoso à primeira falta por ele cometida. Não foi o único réu, pelos erros de um técnico que como assumiu no rescaldo do jogo com o Famalicão, também ele está a aprender.
IX – Não obstante isso, nota para o branqueamento de certas situações.
Pela primeira vez, esta época, vi o Vitória na televisão. E a experiência foi terrível.
Desde a parcialidade atroz dos comentadores da Sport TV, à falta de linhas no primeiro golo do Sporting, tudo sucedeu durante a transmissão.
No final, num programa denominado de “Juízo Final, fomos informados que no primeiro golo, o jogador leonino estava em jogo por 60 centímetros. Mas como? Com que provas? Deveremos acreditar em quem não mostrou essa realidade? E se dissessem 54 centímetros, seria verdade também?
Por fim, a justificação para a não expulsão de Morita. Absolutamente rebuscada, merecedora de um Óscar de melhor argumento e, talvez, de efeitos especiais.
Realmente, esta gente merece ser paga principescamente... justificar o injustificável e fazer de parvos quem perde tempo a vê-los merecerá uma lauta retribuição!
Parabéns ainda à TSF, capaz de desligar o som a João Aroso no flash-interview, para colocar Rúben Amorim na conferência de imprensa...infelizmente, nada de novo numa rádio que se dedica a considerar que existem, apenas, quatro clubes em Portugal, apenas dando notícias sobre estes! No fundo, o retrato de um país tacanho e parolo a nível de futebol!
X - Segue-se o Vizela para a Taça de Portugal. Um jogo em que é proibido falhar. Em que exige-se fazer muito melhor do que ontem.
O Jamor é um objectivo, mas um objectivo que não permite deslizes.
Crença, ambição e coragem... no fundo, alguns dos apanágios que ontem ficaram em Guimarães!
XI – VIVA O VITÓRIA!