Já muito se escreveu sobre a derrota de ontem do Vitória em Alvalade.
Nem valerá a pena esmiuçar muito mais o sucedido, atendendo ao que aconteceu em campo durante os 90 minutos.
Na verdade, o Vitória terá feito a exibição menos conseguida da temporada, sem chama, raça, controlo da bola e oportunidades de golo. Com efeito, dias maus todas as equipas têm, mas a verdade o que tornará preocupante ontem é percebermos que a equipa se encontra fatigada fisicamente, mas acima de tudo, psicologicamente.
Bastará recordar que os Conquistadores começaram a presente temporada em Junho do ano passado. Há quase dez meses! Dez meses de conquistas e desilusões e que, logo no início da caminhada, sofreram um rude golpe com a eliminação frente ao Celje e a surpreendente partida de Moreno.
Tal fez entrar a equipa num período de instabilidade indesejável com a escolha, que se revelou infeliz, do treinador brasileiro Paulo Turra. Ainda que o erro tenha sido rapidamente corrigido, a verdade é que o processo terá contribuído para o desgaste incrementar-se.
Até que chegamos a Álvaro Pacheco. Motivador nato e esperto, soube manter a fórmula, retocando-a. Não se pense, contudo, que Álvaro é um treinador topo de gama. Aliás, ele próprio assumiu isso, não querendo mudar em demasia, dar passos maiores do que as pernas. O treinador parece desconfortável quando tem de apostar em elementos mais jovens e, por vezes, quando tem de mexer na equipa durante o jogo, fá-lo de modo lento e questionável. Porém, a verdade é que o Vitória foi capaz de somar pontos, acumular triunfos consecutivos e ainda estar na luta pelo terceiro lugar.
Luta essa que parece a de David contra Golias. Na verdade, os Conquistadores, como ontem se viu, não possuem a mesma qualidade em algumas segundas linhas como nas primeiras. Aliás, tal facto terá levado Álvaro Pacheco a sobrecarregar de competição os seus onze eleitos, ainda que alguns homens como Mikel, Zé Carlos merecessem mais minutos. E, sendo certo que, apesar de vários escritos terem aludido que Dani e André Silva deveriam ter saído por um valor superior, a verdade é que representaram um encaixe de liquidez. Mas Safira e Nélson da Luz não seriam úteis nesta fase do campeonato em que as pernas dos mais utilizados começam a pesar chumbo?
Contudo, algo mais do que o quinto lugar não está perdido. O Vitória ainda olha com desejo efectivo para os lugares acima desta posição. Talvez, pudesse ser uma realidade mais exequível, se algumas coisas fossem feitas de modo diverso...