Esta é uma história com uma trama triste, mas com um final feliz!
Ou um claro sinal que a vida há-de dar sempre uma segunda oportunidade.
A oportunidade que Henry Medarious fez por merecer, apesar de ter vivido um verdadeiro inferno.
Chegado a Portugal na temporada de 2015/16 para a gélida Covilhã, onde iria representar o Sporting local, proveniente do seu Gana natal, adaptar-se-ia quase de imediato.
Um extremo cheio de técnica e de rapidez que, imediatamente, daria nas vistas de clubes com outros recursos, outras ambições.
Seria seduzido pelo Vitória, que acreditava ter descoberto nele os atributos que outrora houvera encontrado em nomes com como Hernâni ou até como o, ainda, jovem Raphinha, que dava os primeiros passos de Rei ao peito.
Contudo, ao contrário destes não se afirmaria de imediato.
Seria destinado ao tirocínio da equipa B, para depois ser cedido, a meio da época seguinte, a título de empréstimo ao Leixões. Não obstante isso, e na altura em que representava a equipa matosinhense, uma publicação estrangeira haveria de deixar os adeptos do Clube do Rei com água na boca. Na verdade, não era todos os dias, que viam um jogador pertencente aos quadros dos Conquistadores ser integrado entre os 100 atletas mais promissores do mundo. Todos os sonhos eram possíveis...
Por isso, regressaria ao Vitória, ainda para actuar na equipa B, mas com os olhos bem fixados na equipa A. Era o sonho cada vez mais possível de concretizar, de triunfar no mundo do futebol...
Até que chegamos à famigerada terceira jornada da Liga 2, mais propriamente aos 17 minutos da partida disputada nesse dia 26 de Agosto de 2018. Frente à Académica de Coimbra, no estádio do D. Afonso Henriques. Um lance banal como tantos outros tornar-se-ia no seu maior pesadelo. Uma rotação infeliz e o joelho esquerdo a ceder de modo assustador. Seria levado de imediato para o hospital com uma luxação no mesmo e com prognósticos assustadores quanto ao seu futuro.
Iria ter de trilhar o caminho das pedras... o caminho em que a sua crença seria mais importante do que tudo.
Mais do que o jogador, importava o homem!
Mas, um lutador que saiu menino da sua Accra natal não se pode render... jamais.
Far-se-ia à luta... à recuperação!
Não jogaria mais nessa temporada, nem sequer na seguinte. A recuperação morosa implicava mil cuidados e outro tanto número de atenções.
Venceria, contudo, essa a luta... a mais importante da sua jovem existência, contra o seu próprio corpo e as fragilidades imanentes da sua condição de humano!
Só haveria de regressar na época de 2020/21 já sem a camisola do Rei ao peito. No quente Algarve ao serviço do Esperança de Lagos demonstrando estar no caminho certo, para no ano seguinte rumar a Espanha, ao Marbella. Sempre mais constante, sempre a jogar mais, a afastar de vez os medos que o poderiam afectar.
Resolveu regressar para perto de onde teve a possibilidade de se afirmar. O Pevidém, sempre ambicioso e disposto a dar oportunidades a bons jogadores, acolheu-o de braços abertos.
Tornou-se num Cavaleiro de São Jorge, daqueles sempre importantes e sempre tidos em linha de conta. Na ala redescobriu o sorriso... esqueceu o passado e com, apenas, 25 anos, ainda olha para o futuro com toda a fé no que ele ainda lhe poderá dar!
Contudo, é já um vencedor... um vencedor da vida!