No Estádio António Coimbra da Mota, o Moreirense desperdiçou a última oportunidade do jogo: Yan Matheus, a 11 metros de Thiago, viu a bola ser-lhe devolvida pelo poste. Segundos depois confirmou-se o pior cenário possível. Os cónegos voltaram a perder pela margem mínima. O resultado final de 1-0 deixa ainda mais desbotado o verde da esperança que tem perdido a cor nas últimas jornadas. Com mais uma derrota nos registos, os comandados de Ricardo Sá Pinto descartam a possibilidade de manutenção direta e só podem almejar o lugar do play-off. No entanto, podem ser despromovidos ainda antes do jogo de encerramento da jornada: se o Tondela se superiorizar ao Gil Vicente, os vimaranenses ficam condenados ao segundo escalão.
Houve equilíbrio nos primeiros 45 minutos de encontro. O Estoril – já com o destino selado, sem possibilidade de escalar na tabela e com a manutenção assegurada – e o Moreirense adotaram a mesma estratégia: jogar pelo seguro e arriscar pouco. No entanto, a situação dos visitantes não era a mesma. Na cauda da tabela depois de duas derrotas consecutivas, os vimaranenses precisavam desesperadamente de pontos para manter viva a esperança de continuar na primeira. E todos os pontos podiam ser insuficientes: se vencesse, o Moreirense ascendia, à condição, ao 16.º lugar com 29 pontos e ainda podia, com a combinação certa de resultados, assegurar a manutenção através do 15.º posto. Com uma derrota, estas aspirações esfumaram-se. O caminho para a manutenção é agora tortuoso – o desfecho mais feliz requer a manutenção – e pode ficar interditado amanhã.
Há mais a contar sobre a segunda parte da partida. A começar pelo golo solitário do Estoril. Num momento mais atabalhoado do jogo, André Franco ganhou a posse de bola e, fora da área, atirou para o fundo das redes cónegas. As expressões de preocupação dos comandados de Sá Pinto traduziram-se numa resposta dentro das quatro linhas. Yan Matheus e Rafael Martins aproximaram-se do golo aos 77’ e aos 79’, mas sem sucesso. Foram os mesmos dois jogadores que, aos 86’ e aos 88’, ameaçaram empatar o marcador depois da expulsão de Bernardo Vital. O jogador do Estoril parou um contra-ataque em falta e viu o segundo amarelo. Apesar da superioridade numérica, o Moreirense não conseguiu superiorizar-se aos da casa, que nunca perderam o controlo da partida e souberam gerir o resultado. A melhor oportunidade do jogo surgiu no fim. Manuel Mota, depois de consultar o VAR, deu o castigo máximo aos canarinhos e Yan Matheus posicionou-se na marca dos 11 metros. De nada adiantou: com a bola a bater no poste, estava feito o resultado.
O Moreirense fica assim preso por um fio à primeira divisão. A equipa vimaranense, que conta 12 participações no principal escalão, subiu pela última vez em 2014. Com maior ou menor dificuldade, os cónegos têm mantido intacto esse fio que os deixa no seio da elite do futebol português. Em 2018/19, os moreirenses conseguiram fazer história ao alcançar a melhor classificação de sempre: o 6.º posto. Por enquanto, o Moreirense ainda se agarra à calculadora. A combinação mais favorável de resultados pode deixar o emblema na posição de acesso ao play-off. A combinação mais desfavorável de resultados condena o Moreirense antes do encerramento da jornada. O verde da esperança ainda tem cor, mas está cada vez mais desbotado.
Foto: LUSA