Ao início da tarde deste sábado, o Portimonense – com 32 pontos – recebeu o Moreirense – com 26 – para um jogo de aflitos. Um mais aflito do que outro. Os alvinegros partiram para a 31.ª jornada já depois de ultrapassar a barreira dos 30 pontos, ainda que sem ter a manutenção garantida. Os vimaranenses chegaram a Portimão com a possibilidade de sair dos lugares de despromoção e ficar a depender exclusivamente de si para assegurar mais uma época no mais elevado patamar do futebol nacional. Uma derrota por 1-0 deitou por terra as aspirações dos visitantes. O Moreirense continua, à condição, no lugar de acesso ao play-off, mas ainda fica à espera do desfecho dos encontros do Tondela (que vai receber o Vitória) e da BSAD (que joga no terreno do Estoril) para saber se não acaba a jornada… no último lugar.
O sonho metamorfoseou-se num pesadelo. Se a última partida, no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, acabou com sorrisos e abraços, esta acabou com muita tensão e preocupação. Os 600 quilómetros que os cónegos têm pela frente vão ser percorridos com um gosto amargo: o jogo que podia ter catapultado o emblema vimaranense para o 15.º lugar – beneficiando da derrota do Arouca em Vizela –, em igualdade pontual com o Famalicão, pode significar a descida ao 18.º e último lugar da tabela. Por enquanto mantém-se tudo igual: o Moreirense permanece na 16.ª posição com 26 pontos, mais um do que o Tondela e mais dois do que a BSAD. No entanto, estes dois adversários diretos ainda não pisaram o relvado esta jornada.
Com a contagem decrescente para o último apito final a começar – faltam apenas três jogos para o término da temporada –, há mais luta e mais coração do que futebol. O habitual. O jogo de aflitos deste sábado foi sintomático: duas equipas perdidas no relvado e até o golo solitário de Welinton Júnior pareceu acidental. Com a posse de bola a mudar constantemente de dono nos minutos iniciais, o golo que ao minuto 14 lançou o Portimonense para a liderança podia ter sido marcado pelos visitantes. No entanto, não foi. A bola caprichosa saiu dos pés de Samuel num pontapé de baliza e Artur Jorge, que tentou o corte, acabou por assistir o brasileiro do Portimonense. O desvio acidental de Rosic acabou por trair Pasinato e o resultado, ainda que ninguém soubesse, já estava fechado. O golo produziu os efeitos esperados num jogo com este invólucro: deixou o Portimonense preguiçoso, propiciou muitas paragens e perturbou o Moreirense. A toada manteve-se igual na segunda parte. Os vimaranenses nunca conseguiram estar concentrados na partida e os alvinegros souberam sempre o que fazer para não desperdiçar a vantagem.
Com este triunfo, o Portimonense deixou quase assegurada a 20.ª participação na primeira divisão nacional, encaminhando-se para a sexta época consecutiva no seio da elite. O outro lado da moeda, a derrota, deixou o Moreirense em muito maus lençóis. Os comandados de Sá Pinto, que até beneficiaram da derrota do Arouca, acabaram por complicar e muito as contas. Os cónegos vão ter de estar atentos aos jogos de Tondela e BSAD e torcer para não terminar a jornada no último lugar. Há ainda nove pontos em discussão: os cónegos vão receber o Boavista, viajam até à casa do Estoril e recebem o Vizela no derradeiro jogo do campeonato. Hoje desperdiçaram a oportunidade de ascender ao último lugar de manutenção e tomar conta do seu destino.