Matilde Jorge serviu para fazer história, mas foi eliminada na primeira ronda em Oeiras
Desporto
Publicado em 06/04/2022

“Senti que estava a ganhar 5-3, mas no momento eu não senti que estava assim tão perto de ganhar e acho que devia ter sentido mais o momento e agarrar-me mais ao momento”: foi assim que Matilde Jorge descreveu, em declarações à Federação Portuguesa de Ténis, os minutos que podiam ter antecedido o maior triunfo da sua carreira e o triunfo mais importante do circuito feminino português em muitos anos. Durante alguns minutos do terceiro set, o triunfo da vimaranense, 815.ª do ranking WTA, sobre a francesa Diane Parry, número 98 do mundo, pareceu incontornável. A servir para fechar o encontro, Matilde chegou aos 30-30 e esteve a dois pontos de uma vitória histórica. No entanto, viu a adversária quebrar-lhe o serviço e vencer mais três jogos consecutivos para vencer o encontro. É esta a história de um jogo quase histórico que acabou com a eliminação da vimaranense na primeira ronda do Oeiras Ladies Open.

O emparelhamento do torneio ditou que a número 815 do mundo, a vimaranense Matilde Jorge, encontrasse, na primeira ronda, a número 98, a francesa Diane Perry. Quando duas tenistas com posições tão diferentes no ranking se encontram sabemos que há uma favorita, mas sabemos também que há espaço para fazer história. E quase foi a segunda possibilidade a triunfar. A partida não teve honras de court central, mas o primeiro set alertou os espetadores e quase todos concentraram as suas atenções no Court 1. Ao cabo de 44 minutos de jogo, Matilde Jorge liderava o marcador por 6-3. Era preciso recuar a 2015 para encontrar o último registo de uma tenista portuguesa a bater uma jogadora do top-100: na altura Michelle Larcher de Brito derrotou Ana Ivanovic, sétima do ranking. A batalha estava a ser entusiasmante. “Uma boa batalha”, nas palavras da vimaranense.

O segundo set igualou as contas. Matilde Jorge reconhece que a adversária variou o jogo e soube usar todas as armas que tinha. Pelo contrário, a vimaranense desperdiçou oportunidades, foi quebrada três vezes e acabou por vencer apenas um jogo: 1-6 no fim do parcial. As duas tenistas agarraram-se ao jogo no derradeiro set. A portuguesa começou melhor, liderou e, com 5-3 no resultado do parcial, serviu para o triunfo. Acabou por ver o serviço quebrado e a francesa partiu para a vantagem. O encontro manteve-se entusiasmante até ao fim: no último jogo, a vimaranense salvou cinco match points, ameaçou levantar a cabeça e operar uma nova reviravolta, mas já não foi a tempo de salvar o sexto e a francesa estragou a história portuguesa que ia ter como protagonista a vimaranense de 17 anos.

No dia anterior a atingir a maioridade – nasceu no dia sete de abril de 2004 –, Matilde Jorge protagonizou um dos jogos mais estimulantes dos últimos anos do circuito feminino do ténis português. No final da partida, anunciou que no futuro vai competir apenas no circuito profissional. Deixa para trás o sonho de participar num Grand Slam como júnior ao abandonar os escalões de formação. Os voos que procura são mais altos: “será muito melhor chegar a um Grand Slam de seniores do que de juniores”.

Fotografia: Federação Portuguesa de Ténis

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