Quando a noite caía na cidade berço no último dia 5 de março, já depois de encerrada a Assembleia Geral Eleitoral que levou 6637 associados do Vitória Sport Clube – de um total de 9870 sócios aptos para votar – ao Pavilhão Unidade Vimaranense, Pedro Xavier convocou os jornalistas que esperavam à porta para dar conta dos resultados. “Na lista A votaram 4148 votantes, o que deu uma percentagem vencedora de 62,5%”: foi assim que o presidente da Comissão Eleitoral começou por dar conta dos resultados e, percebeu-se logo de imediato, de um triunfo claro da candidatura encabeçada por António Miguel Cardoso, sócio número 4530. Foram depois debitados os restantes algarismos que compunham a equação: a lista B, de Alex Costa, recebeu 1161 votos – 17,49% – e, por fim, a lista C, de Miguel Pinto Lisboa, reuniu a preferência de 1243 associados – 18,73%. Pedro Xavier deu ainda conta de 28 votos nulos (0,42%) e 57 votos em branco (0,86%). Depois de anunciar os resultados, o presidente da Comissão Eleitoral aproveitou para relevar a participação e civilidade que marcaram o dia: “hoje tivemos aqui uma votação de uma cidade e de um clube que são exemplares; se verificarem e analisarem, em paralelo com outros clubes, a percentagem de votantes em relação ao caderno eleitoral é ímpar”.
Findos os anúncios, vamos aos números e à história. Os vitorianos têm como tradição eleger um presidente de maioria absoluta. Desde 1984, quando os vitorianos foram chamados às urnas pela primeira vez na história, todas as candidaturas arrecadaram mais do que 50% dos votos. Foi assim com Pimenta Machado em 1984 (69,9% dos votos), em 1988 (69%), em 2000 (63%) e em 2003 (65,6%). Foi assim com Vítor Magalhães: em 2004 mereceu a confiança de 84,1% dos 6780 votantes. Vítor Magalhães é, ainda hoje, o presidente que, não se apresentando sozinho no boletim de voto – Manuel Almeida fez-lhe concorrência em 2004 –, alcançou a percentagem de votantes mais elevada de sempre. Emílio Macedo da Silva mereceu também ser presidente de maioria absoluta nos dois atos eleitorais aos quais se apresentou, tanto em 2007 (66,07%) como em 2010 (61%). Júlio Mendes, que foi a sufrágio nos três atos eleitorais que se seguiram, conquistou sempre maioria absoluta: aconteceu em 2012 (59,55%), repetiu-se obviamente em 2015 (92,03%) na única Assembleia Geral Eleitoral à qual apenas se apresentou uma lista e voltou a acontecer em 2018 (51,30%). No ato eleitoral de 2019, Miguel Pinto Lisboa – que se tornou, em 2022, no primeiro presidente da história do Vitória Sport Clube a recandidatar-se e a não ser eleito – mereceu a confiança da maioria dos associados votantes: 50,60%. António Miguel Cardoso não fugiu à regra ao ser eleito com 62,5% dos votos, embora se evidencie que esta é uma votação com resultados mais categóricos do que a dos últimos dois atos eleitorais.
No entanto, disse António Miguel Cardoso na primeira vez em que falou à comunicação social depois de conhecidos os resultados, estes são números que já passaram à história e, assim que se encerraram as urnas, deixou de haver opositores. “Nós somos todos vitorianos”: foi esta a frase mais sonante num discurso que pretendeu ser agregador e, assim, aglutinar todas as vontades diferentes para o futuro. Cinco dias se passaram e hoje, ao décimo dia do mês de março, Miguel Pinto Lisboa e António Miguel Cardoso vão estar no renovado Teatro Jordão para formalizar a passagem de testemunho do presidente cessante para o presidente eleito, o 24.º da história do Vitória Sport Clube – se adotarmos a narrativa (ainda) oficial do clube – ou então o 25.º, de acordo com a pesquisa levada a cabo pelo historiador António Amaro das Neves no âmbito do centenário do emblema vimaranense.
Para além de ser empossado o presidente da direção, vão ser empossados também os restantes Órgãos Sociais. António Miguel Cardoso vai ser acompanhado pelos vice-presidentes Armando Guimarães, Diogo Leite Ribeiro, Nuno Soares Leite e Pedro Meireles. Belmiro Pinto dos Santos é o novo presidente da Mesa da Assembleia Geral, acompanhado pelo vice-presidente Dinis Monteiro. O Conselho Fiscal vai ser presidido por Ricardo Martins Lobo, tendo Rui Rodrigues como vice-presidente. Por fim, João Henrique Faria é o presidente do Conselho de Jurisdição, enquanto Ana Margarida Teixeira assume a vice-presidência. A tomada de posse dos novos Órgãos Sociais, que vai decorrer no Teatro Jordão, está agendada para as 21h30. A cerimónia é aberta aos associados (mediante lotação do espaço e requer levantamento prévio do bilhete) e será transmitida nos canais digitais do clube.
Foto: Global Imagens