A cidade de Guimarães já foi talismã para a selecção nacional de andebol no passado e, no próximo mês de março, no dia 17, vai voltar a receber os Heróis do Mar do vimaranense Rui Silva. Em abril de 2019, no Multiusos de Guimarães, a turma lusa venceu a todo-poderosa França por 33-27 em jogo de apuramento para o Campeonato da Europa de 2020. Desta vez, o encontro vai opor os pupilos de Paulo Pereira à Suíça num encontro importante para as contas do apuramento para o Mundial de 2023.
O triunfo em Guimarães foi histórico e lançou a formação de andebol para um percurso ímpar e que lhes valeu o epíteto de Heróis do Mar. Quando as duas formações entraram na quadra do Multiusos, em Guimarães, havia um favorito e era difícil imaginar outro desfecho da partida que não fosse o triunfo gaulês. Afinal, o adversário era uma formação que já tinha sido campeã do mundo em seis ocasiões, que já se tinha sagrado campeã europeia por três vezes e que já tinha vencido duas edições dos Jogos Olímpicos. Se isso não fosse argumento suficiente para estabelecer o favoritismo, havia ainda o histórico de confrontos: a França tinha vencido 28 dos 30 confrontos entre as duas formações. Havia registo de um empate e um triunfo solitário da turma lusa de 1980.
O jogo que aconteceu em Guimarães foi, por isso, um ponto fora da curva na história entre as duas formações, mas apenas uma confirmação da qualidade e consistência que a selecção nacional começava a apresentar e a elevou para patamares nunca antes imaginados. Perante 2800 compatriotas, o vimaranense Rui Silva, um dos nomes incontornáveis do andebol nacional, assinou três dos 33 golos que contribuíram para este triunfo histórico. Portugal acabou por carimbar o apuramento em segundo lugar, com 9 pontos somados, menos um do que os franceses, que se apuraram em primeiro lugar.
O resto da história já conhecemos: depois de 14 anos de ausência das fases finais das grandes competições, Portugal alcançou a melhor classificação de sempre na competição ao garantir o 6.º lugar. Seguiu-se a participação na fase final do Mundial e a melhor classificação de sempre (10.º lugar), a primeira qualificação da história para os Jogos Olímpicos e, uma vez mais, o apuramento para a fase final do Europeu 2022. Depois de anos adormecida, a selecção nacional de andebol acordou, embora pareça ainda viver um sonho, e apresentou uma vitalidade como nunca se tinha visto. E é seguro dizer que esse percurso começou em Guimarães com o triunfo histórico aos franceses.
Em 2023, a Polónia e a Suécia vão receber a 28.ª edição do Mundial e Portugal quer voltar a marcar presença. Para isso, e porque não foi além da fase de grupos do Europeu 2022, precisa de superar a fase inaugural de qualificação dividida em duas rondas. O sorteio ditou que, no play-off, a Suíça é o primeiro adversário. O histórico de confronto entre as duas equipas não podia ser mais equilibrado: quatro triunfos para cada lado e um empate. A primeira mão vai ser jogada, pois, em Guimarães no dia 17 de Março. Se Portugal se superiorizar no total dos dois jogos – em Portugal e na Suíça – vai encontrar os Países Baixos em Abril. Em suma, os Heróis do Mar estão a quatro jogos de garantir o acesso à fase final do Mundial.
Antes do jogo em Guimarães, a selecção nacional de andebol pode passar pelo Estoril para recolher dois prémios no dia 3 de Março. A Confederação do Desporto de Portugal nomeou a selecção nacional masculina de andebol para equipa do ano – a par de K4 500 Metros Masculino (canoagem), Selecção Nacional de Ténis de Mesa Síndrome Down ITTADS (desporto adaptado), Selecção Nacional Masculina (futsal), Equipa Olímpica e Paralímpica (judo). Em 2021, um ano indelevelmente marcado pela morte de Alfredo Quintana, os comandados de Paulo Pereira transformaram a dor em força e conseguiram a melhor qualificação de sempre num Mundial e estiveram presentes, pela primeira vez, nos Jogos Olímpicos.
Em paralelo, o vimaranense Rui Silva é um dos candidatos a atleta do ano. Concorre com Pedro Pablo Pichardo (atletismo), Fernando Pimenta (canoagem), Norberto Mourão (paracanoagem), João Almeida (ciclismo) e Jorge Fonseca (judo). O central afirmou-se, nos últimos anos, como um dos melhores do mundo e como uma das figuras mais relevantes da formação lusa. A par do inolvidável e emocionante golo que carimbou a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o andebolista marcou seis golos em seis jogos do Mundial 2021 e com 15 golos em 5 partidas nos Jogos Olímpicos, distinguindo-se como o melhor marcador da selecção nacional no Japão.
As votações vão estar abertas ao público até às 17 horas do próximo dia 2 de Março e têm um peso de 60% no resultado final, sendo que os restantes 40% são resultado das escolhas de quem estiver presente no evento. As votações decorrem no site da Confederação do Desporto de Portugal.
Foto: Uros Hocevar/Jure Erzen/Kolektiff