Não foi o Moreirense FC que fez história como a primeira equipa a derrotar o líder FC Porto na edição 2021/2022 da Liga Portugal bwin. Na noite amena de domingo, os cónegos foram derrotados pela margem mínima no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, venderam cara a derrota e ainda ameaçaram o empate nos minutos finais. O golo solitário de Evanilson, perto do intervalo, desatou o nó e resolveu a distribuição dos pontos em discussão: mais três para um Porto cada vez mais líder e nenhum para os axadrezados. A formação liderada por Sá Pinto, livre dos fantasmas da goleada da ronda anterior, assustou o dragão, mas acabou derrotado e, em consequência, permanece mergulhado numa posição frágil e vai encerrar a 23.ª jornada nos lugares de despromoção da tabela com 19 pontos somados e a dois de conseguir respirar.
Luís Godinho, o árbitro da partida, não teve uma noite tranquila. Com 15 minutos de jogo, o eborense já tinha ido três vezes ao bolso para mostrar o cartão amarelo a três jogadores da equipa da casa: Matheus Silva e Camará, do miolo, a par de Artur Jorge, da linha defensiva, ficaram condicionados desde início. Talvez este argumento ajude a explicar, em parte, o domínio dos portistas na primeira metade do encontro. A superioridade azul e branca prolongou-se até à reta final da primeira metade, ou seja, até ao golo de Evanilson ao minuto 40. Taremi pegou no esférico, percorreu o corredor esquerdo, ludibriou Pasinato e deixou a bola a Evanilson, responsável por assinar a obra conjunta. O Moreirense respondeu para avisar que a margem mínima não é garantia suficiente, viu um penalti ser assinalado a seu favor, mas viu também Luís Godinho retroceder depois de comunicar com o VAR.
A reacção cónega não se prolongou logo no início da segunda parte. O FC Porto não deixou e aproveitou para se aproximar da baliza dos anfitriões, mas a bola foi sempre desenquadrada da baliza. A expulsão de Grujic, à passagem dos 79’, consequência de ter derrubado André Luís, antecedeu a melhor oportunidade que os axadrezados tiveram de empatar o jogo. Na conversão do livre, só a trave impediu o golo de André Luís que já parecia certo para os adeptos do Moreirense. Cinco minutos depois, Steven Vitória equilibrou o número de jogadores em campo. O central viu dois cartões amarelos consecutivos: o primeiro por falta sobre Otávio e o segundo por protestos que Godinho considerou excessivos.
O empate não se materializou para aquecer os adeptos, embora Derik Lacerda tenha obrigado Diogo Costa a uma defesa de letra já nos minutos de compensação, mas o jogo não acabou sem que os ânimos se exaltassem. Primeiro foi Otávio que, a dirigir-se para os balneários ainda antes do apito final, se envolveu em conversas menos ortodoxas com os adeptos cónegos. E o apito final não foi sinónimo de descanso para o eborense. O árbitro levantou o cartão vermelho mais duas vezes depois do apito final para expulsar Sá Pinto e Diamantino Figueiredo. O treinador dos axadrezados e o treinador de guarda-redes dos visitantes desentenderam-se quando se trocavam cumprimentos no rectângulo de jogo.
O jogo da ronda 24 pode começar a decidir o futuro da equipa de Moreira de Cónegos. A deslocação da formação de Sá Pinto, no 17.º posto com 19 pontos, à casa do Arouca, que é 15.º com 21 pontos, pode traduzir-se, em caso de triunfo, na ascensão do Moreirense à zona de manutenção. Pelo contrário, uma derrota pode ditar que o último lugar fora de água se afaste ainda mais.
Foto: LUSA