Márcia Vieira é natural de Guimarães e esta época reforçou o emblema desportivo de maior dimensão da cidade onde nasceu. A médio é uma jogadora que já conta muitos anos – e, por consequência, muitas histórias – de futebol. Formou-se n’Os Sandinenses, passou pelo SC Régua, representou a Casa do Povo de Martim e ainda o Gil Vicente antes de chegar ao Vitória Sport Clube. Na Taça de Portugal já chegou longe. Na edição de 2016/2017, alcançou as meias-finais da prova-rainha ao serviço do Martim e caiu apenas perante o SC Braga, finalista vencido da prova. Os oitavos-de-final não são, portanto, inéditos para a jogadora, mas são inéditos para a equipa feminina do clube. Nas participações anteriores, o Vitória não tinha ido além da primeira eliminatória. Desta vez já garantiu os ‘oitavos’ e a equipa tem, diz a atleta, “todos os argumentos para passar à próxima eliminatória”.
Para trás ficaram a UR Cadima, depois de um triunfo por 5-4 nas grandes penalidades, e a ADC Correlhã, vencida por 5-0 no tempo regulamentar. Para trás fica também o desafio da última jornada do apuramento de campeão da II Divisão. O Vitória, que corre atrás da subida ao primeiro escalão, foi goleado fora de portas pelo RP Fooball Club, mas os 7-0 do fim-de-semana passado não assombram este. “Apesar de virmos de uma derrota pesada, a equipa trabalhou bem durante a semana para conseguir dar a volta por cima e mostrar já neste próximo jogo que é uma equipa com qualidade e capaz de ir mais além”, diz Márcia Vieira.
No horizonte estão os quartos-de-final até porque “a expectativa é conseguir passar esta eliminatória”, afinal “o Guia é uma equipa do nosso campeonato e temos todos os argumentos para conseguir fazer um bom jogo”. Apesar de militarem no mesmo escalão, Vitória e Guia são de zonas geográficas diferentes e não se encontraram na primeira fase. Na segunda fase estariam desencontradas ainda que fossem da mesma zona. É que o Vitória apurou-se para lutar pela subida de divisão e o Guia FC, de Albufeira, está a lutar para se manter no escalão.
No balneário há “ambição” de “conseguir mais um feito e chegar aos quartos-de-final” e o ambiente “é o de querer continuar na Taça de Portugal”. Apesar de ser uma equipa jovem e com alguma inexperiência, uma vez que “a maior parte está a fazer os primeiros jogos” na prova-rainha, as jogadoras estão a saborear estes momentos “com ambição e com o sonho de chegar mais longe ainda”.
A médio reconhece que o nível de dificuldade vai aumentar à medida que forem subidos os degraus da Taça de Portugal e abre-se a possibilidade de um encontro com equipas do escalão superior, sorte a que o Vitória tem fugido desde o primeiro sorteio. “Nós temos perfeita noção de que, passando esta fase, as equipas que possam vir já são equipas de patamares completamente diferentes”, diz. E reconhece que “a dificuldade será outra”. Ainda assim, a médio não descarta a possibilidade de continuar a fazer história mesmo quando os adversários forem equipas de outras andanças: “nós acreditamos que, estando num dia bom e trabalhando muito, ainda podemos causar alguma sensação”.
Antes, porém, de pensar na próxima fase é necessário pensar nesta. Os oitavos-de-final discutem-se ao início da tarde de hoje e o carimbo para a próxima fase seria histórico e inédito no passaporte que conta a história vitoriana. É ao relvado do Campo Dona Maria Teresa, propriedade d’Os Sandinenses, que vai subir a turma vimaranense frente às algarvias do Guia. Márcia Vieira, uma vimaranense entre vimaranenses, é porta-voz da equipa e deixa, em nome das companheiras, uma promessa: “podem esperar uma equipa lutadora e com ambição de passar à próxima fase, vamos deixar tudo em campo e vamos orgulhar os adeptos”. O apito inicial está agendado para as 14 horas.
Foto: Vitória SC