Raquel F. Veiga
Com dois jogos realizados em Budapeste, a contar para a fase de grupos do EHF Euro 2022, os heróis do mar já devem ter encontrado as calculadoras de que precisam para fazer contas à vida. É que, para já, a selecção portuguesa de andebol ainda não somou nenhum ponto, depende dos adversários para ambicionar outros voos e é último no Grupo B. O vimaranense Rui Silva é o melhor marcador da turma lusa, mas parece cada vez mais complicado avançar para a próxima fase da competição.
Em 2020, a selecção nacional de andebol ganhou justificadamente o epíteto de heróis do mar ao ser protagonista do conto de fadas do Europeu. No caminho para alcançar o sexto lugar – melhor classificação de sempre –, os pupilos de Paulo Pereira ganharam quatro jogos – o mesmo número de jogos que Portugal tinha ganho nas cinco edições em que tinha participado – e venceram a anfitriã Suécia naquela que foi a maior derrota caseira da história daquele país. O resto também é conhecido e foi novamente para os livros de história: o 10.º posto no Mundial e o 9.º na estreia olímpica.
Na competição que por estes dias se divide entre a Eslováquia e a Hungria, os heróis do mar não estão a ser tão felizes. Islândia, Países Baixos, Hungria e Portugal: do grupo B vão sair dois candidatos ao título europeu. Depois de duas derrotas – primeiro frente à Islândia, líder do grupo, por 24-28; e ontem frente à anfitriã Hungria por 30-31, num jogo emocionante que se decidiu nos últimos instantes –, o main round está mais distante dos portugueses, única formação do grupo que ainda não somou qualquer ponto. A combinação de resultados tem de ser precisa para Portugal não falhar o alvo: é imperioso que a Islândia vença a Hungria e que Portugal vença a turma dos Países Baixos para depois se fazer a contagem dos golos.
Quando se fala de golos é preciso falar de Rui Silva. O vimaranense, formado no Xico Andebol e atual jogador do FC Porto, tem sido decisivo sempre que é chamado à selecção das quinas e não está a fugir à regra em Budapeste. O central esteve diretamente envolvido em 21 (39%) dos 54 golos portugueses: marcou nove e deu a marcar outros doze. Com apenas dois jogos feitos, os números de 2022 já se assemelham aos da edição de 2020, torneio em que somou 12 golos a 13 assistências.
A tarde de amanhã, 18 de janeiro, vai ser de decisões no MVM Dome, em Budapeste. Islândia e Hungria vão gladiar-se pela conquista dos dois pontos às 17h00. Se os insulares vencerem, Portugal fica à espera das 19h30 para definir o próprio destino. É ao final da tarde que os heróis do mar de Rui Silva vão entrar em campo e defrontar os Países Baixos.
Foto: Stregspiller