Raquel F. Veiga
A edição de 2022 do Australian Open tem sido sinónimo de Novak Djokovic. A polémica com o tenista sérvio ainda pairou sobre o primeiro dia do torneio em Melbourne, quando já começam a subir às quadras os primeiros de 128 atletas que vão disputar o Grand Slam inaugural da temporada. E há uma bandeira portuguesa que se destaca no emparelhamento dos primeiros 64 jogos: é a de João Sousa. É a nona vez que o vimaranense alcança o quadro principal do Happy Slam.
O qualifying não correu como o tenista queria e João Sousa já devia estar a pensar fazer as malas quando foi chamado para o quadro principal. Depois de dois triunfos nos dois primeiros jogos – por 2-0 frente a Guinard e por 2-1 frente a Polmans –, a última ronda de qualificação ficou aquém das expectativas. Uma exibição menos conseguida frente ao 123.º classificado do ranking mundial ameaçou deixar o quadro principal do torneio australiano sem nenhum português pela primeira vez desde 2009. No entanto, a combinação de eventos que se seguiu adiou a viagem de João Sousa. Como o melhor classificado do qualifying, o vimaranense beneficiou da desistência do lesionado Borna Coric e venceu o sorteio a outros três colegas de profissão para ser o lucky loser do torneio.
É na próxima madrugada que João Sousa vai subir novamente à quadra de um dos maiores torneios da modalidade. Do outro lado da rede vai estar Jannik Sinner. A cara de adolescente do italiano pode ser enganadora. Aos 20 anos já ocupa o 10.º posto ATP e entrou no ranking apenas em 2019. Para além dos números que confirmam que Sinner é dos nomes mais sonantes do circuito, é relevante notar que vai jogar no seu piso favorito: os cinco troféus que tem no palmarés (quatro vencidos em 2021) foram ganhos em piso duro.
No entanto, tarefas difíceis e grandes palcos não assustam o vimaranense. Depois da estreia no quadro principal em 2013, João Sousa nunca mais se afastou da Austrália em Janeiro - exceção feita a 2021, quando foi obrigado a ficar de fora em consequência de um teste positivo à covid-19 - e foi nas edições de 2015, 2016 e 2019 que se deu melhor. Alcançou a terceira ronda do torneio por três vezes e só Andy Murray, nas duas primeiras ocasiões, e Kei Nishikori, na última, puseram travões às aspirações do tenista português. Foi em 2019 que João Sousa foi mais feliz em Melbourne. Para além de ter alcançado uma das melhores prestações de sempre na vertente de singulares num Grand Slam, brilhou – ao lado do argentino Leonardo Mayer – na vertente de pares. A dupla fez história para o ténis nacional ao chegar às meias-finais.
A epopeia do tenista português nas quadras de Melbourne começa depois das onze horas locais. Sousa e Sinner são segundos na ordem de encontros que, em Portugal, tem início marcado para a meia-noite. A primeira partida do vimaranense no quadro principal do torneio australiano vai acontecer na próxima madrugada e tem transmissão nos canais Eurosport.